Após dois álbuns, lançados respectivamente em 2011 e 2013, os integrantes da big band instrumental do bairro (e número) homônimo da cidade de São Paulo, lançaram no início de Abril, um terceiro disco e, tal como seus cds anteriores, os integrantes optaram por nomear o novo álbum como "Bixiga 70" e encarregar a missão de representa-lo graficamente ao também paulista MKZ. A partir desta premissa, fica fácil a associação da discografia e, consequentemente, da sonoridade da banda a um processo continuo de construção e é bem verdade que há um trajeto sendo percorrido com sucesso desde o primeiro até o mais recente disco deste grupo cuja importância no cenário musical já é notável.

na foto, por José de Holanda: Bixiga 70 e o cantor/compositor/guitarrista paraense Felipe Cordeiro. 

Foi escutando "Martelo" que ouvi de um colega "e essa cumbia nervosa aí, hein?!" e é bem isso que se nota nas músicas desse novo álbum que não deixa a peteca cair, embora oscilando entre a progressividade e o movimento brusco, a calmaria e a tensão, mais um indício da maturidade no processo não só de composição, mas também da disposição de cada uma das peças que formam o quebra-cabeça nada complicado que é o novo álbum de uma banda tão grande como deve ser a complexidade de sintonizar tantas influências e experiências distintas de cada integrante, mesmo com tamanha sintonia que deve rolar nos ensaios.

 

no vídeo gravado no show de lançamento do disco, em São Paulo, a banda executa ao vivo as duas melhores músicas do novo álbum: "DI Dance" e "Martelo".

Perambular sobre a multiplicidade sonora da discografia da Bixiga 70 é redescobrir as infinitas possibilidades de se explorar, de canto a canto,  a musicalidade brasileira verdadeiramente rica em timbres, ritmos e harmonias. O Bixiga 70 III dá sequencia a todo o prazer que é desbravar não só o Brasil nacional do século XXI, mas sim o Brasil terral dos indígenas, dos africanos e também dos americanos do centro e do sul, como um bacanal, entretanto tão sentimental quanto uma longa transa entre dois amantes, onde os corpos sentem não só o tocar, quanto o serem tocados, e assim fica facilmente perceptível o papel de cada um dos instrumentos, seus respectivos instrumentistas e suas infinidades sonoras em meio a todo o conjunto que forma as músicas da banda. 


Bixiga 70

Bixiga 70 (III)

2015
Independente
www.bixiga70.com.br


Bixiga 70 é formada por Décio 7 na bateria, Rômulo Nardes e Gustávo Cék nas percussões, Marcelo Dworecki como baixista, Cuca Ferreira no sax barítono, Daniel Nogueira no sax tenor, Douglas Antunes no trombone, Daniel Gralha no trompete e,  por fim (ufa!), Cris Scabello na guitarrae  Maurício Fleury na guitarra e sintetizadores.